Sexto dia de FESTFÊGO e os bastidores da noite.

Talvez a noite mais quente do festival e o que é pior, sem chuva! Daí lá em cima, na sala 55, já sabe, um calor desconfortante. Começo com essa atenção principalmente para o que vou relatar a seguir...uma noite com uma atenção aos rumos que nossa sociedade está tomando ou em que lado estou? Qual bandeira é a minha? Existe uma verdade única? E assim podemos traçar uma infinidade de questões para refletir e sempre vou citar o psicólogo e sociólogo francês Émile Durkheim: A sociedade é um sistema complexo composto por diferentes partes que trabalham juntas para garantir a ordem social e a continuidade ao longo do tempo. É por isso que sempre digo: Estude! É o que ninguém conseguirá tirar de você. O Conhecimento. E com a sabedoria você sempre fará as melhores escolhas. É por isso que o Teatro é gigantesco, pois ele pode semear em você uma semente de conhecimento que pode se tornar em uma árvore de sabedoria cheia de frutos. A maça que Eva mordeu, era o fruto do conhecimento. Kafka em seu livro a Metamorfose nunca disse que seu personagem se transformou em uma barata como ficou conhecido mundialmente. Da mesma forma que Miguel de Cervantes quando criou Dom Quixote, jamais imaginou que esse personagem ganhasse a empatia de seu público quando este foi criado pelo autor para uma crítica.

Aproveito isso para destacar algo muito importante nessa semana: A Mostra de Teatro de Taubaté que já vai para a sua 19°edição finalmente entra no calendário da nossa cidade numa votação na Câmara. Movimento esse feito pelo Coletivo Representa Taubaté composto por Elisa Coelho Manoel, Adalgiza Américo e Rafael Soares. Qual a importância da Mostra? Tudo isso que foi escrito acima. É o momento dos artistas da cidade terem seu espaço, desenvolverem suas artes e ganharem por isso, porque artista também bebe, come, consome.

COLETIVO CONTRAMÃO

No 10°FESTFÊGO, o Coletivo Contramão abriu a noite com uma performance, entre eles, alguns velhos conhecidos de nossa escola, ex-alunos, que sempre que podem acompanham os trabalhos dos novos alunos e nesse ano prestigiam nosso festival com essa performance e como espetáculo convidado no encerramento. Na performance mais uma vez uma conexão temática com a apresentação da noite.

APRESENTAÇÃO DA NOITE

Depois de resolver sobre algumas questões da formatura de 2023, subo para assistir e sou agraciado, graças a Stela, que viu um míope andando naquele escuro e teve um ato de generosidade me indicando a cadeira vazia, um lugar abençoado por um ventilador, de Deus, colocado em uma das pontas do Teatro. Valeu, Stela!

Importante destacar que o espetáculo era expressionista e épico, o que pedia não apenas uma interpretação específica como a iluminação característica. Assim aumentava ainda mais o calor do ambiente.

A noite é de Ernest Toller, combatente na 1°Guerra mundial, autor de várias obras expressionistas e que terminou suicidando-se em 1939. Apesar de pacifista foi encarregado pela formação de um exército vermelho e em sua obra "O homem massa" expõe seus conflitos de consciência que teve devido toda essa contradição em sua vida. Faço aqui o link com o primeiro parágrafo.

E o espetáculo se inicia com imagens potentes, dramaturgia consistente e discursiva o que exige domínio dos atores, uma estética forte somando com a proposta cênica, uma trilha que arrepiou até onde ouvi, e aí a peça acabou pra mim...vejo a aluna Ana Carla zanzando de um lado para o outro e percebo que me procura...acha! E vem até mim! Ali me despeço do trabalho para ajudar a resolver os bastidores do festival.

O QUE ACONTECEU?

Muito calor? O claro e escuro do expressionismo do espetáculo? Problemas pessoais? Seja o que for, um jovem passou muito mal e teve uma crise de ansiedade durante o espetáculo e com a ajuda dos alunos do 3°ano, foi retirado enquanto a peça seguia adiante, e ele era sendo atendido lá embaixo, até a chegada do SAMU.

Nossa coordenadora, junto de alguns alunos do 3°ano, e depois a diretora deram toda a atenção e cuidados até a chegada dos profissionais da saúde que o levaram embora. Enquanto tudo isso acontecia, a peça terminava e o debate era feito.

O DEBATE

infelizmente não acompanhei, mas sei que Amanda com sua experiência direcionou boas dicas aos atores do espetáculo e nosso querido Danilo Riva, mestre, deu um show de conhecimento no assunto, que domina, e com sua generosidade enriqueceu a todos os presentes na noite de ontem.

Fica aqui a torcida que esses acontecimentos infelizes nos proporcione uma melhora no espaço, reclamações já foram feitas e um movimento já está acontecendo para sanar o calor da sala 55. Afinal nossa sociedade parece que já se acostumou que precisa acontecer algo para que uma mudança seja pedida e quem sabe solucionada. Taí a importância do conhecimento, saber que não é preciso disso para acontecer mudanças. É a arte da noite refletindo a complexidade da vida e a hipocrisia de certos discursos.