Em Taubaté a 18°Mostra de Teatro de Taubaté termina nesse final semana.

Um ponto fundamental para um bom espetáculo é a dramaturgia. Um bom texto sempre é o melhor caminho para uma montagem de qualidade. Assim, a peça “Nem um dia passa sem notícias suas” do Coletivo Poros se apresentará no dia 28/01 as 20h.

A dramaturgia bem estruturada e os diálogos potentes da montagem do Coletivo Poros são um ponto forte do espetáculo. Sem sentimentalismos, deixando apenas a dramaturgia agir, a direção de Danilo Rivas permite as atrizes o exercício da interpretação em sua raiz, sem mecanismos para nos levar a emoção e dando as intérpretes, o desafio da conquista da emoção degrau por degrau. Não é uma tarefa fácil, porém as atrizes estão dispostas ao desafio quando também escolhem interpretar personagens masculinos que exalam a testosterona, o machismo, o patriarcado e o preconceito entre as gerações. Aliás outro ponto forte do texto, é a empatia por esses personagens, é impossível não se identificar com essas figuras que rondam as histórias de nossas famílias. O luto é outro tema debatido no texto, a perda de uma pessoa da família e tudo o que acarreta em situações apresentadas no texto. Assim, com muita delicadeza, e sinceridade, o texto de forma sublime nos surpreende, página a página, ou cena a cena. Da mesma forma a montagem assim o faz, delicada em suas marcações de cena e sublime em sua iluminação e cenografia. É perceptível o olhar atento da direção em todos os detalhes e na estética proposta. Sinto a falta da agressividade tipicamente masculina, a testosterona, que nos aproxima da natureza animal e que potencializaria alguns embates entre os personagens. Em suma, ou as atrizes ainda buscam em suas interpretações, ou seja, uma escolha da direção dando um outro olhar e uma energia feminina ao texto em questão. Seja como for, a peça, ”Nem um dia passa sem notícias suas”, me foi um grato presente pela qualidade e cuidado oferecido ao público e o que já é uma das características do Coletivo em questão em seus espetáculos. Longa vida a montagem! Parabéns a dramaturgia de Daniela Pereira de Carvalho!