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Cidade Invisível e a falta de imaginação!

Foto do escritor: Jefferson MachadoJefferson Machado

Não posso negar, sou fã do trabalho de Carlos Saldanha. Para quem não sabe, Carlos Saldanha é um dos grandes nomes da animação mundial, um de nossos maiores orgulhos no cinema mundial: Rio, Era do Gelo, Touro Ferdinando...

Então, quando soube dessa produção de CIDADE INVISÍVEL, isso já faz tempo, quando ainda era um esboço, minha imaginação foi longe, pois imaginava o que a mente brilhante desse carioca poderia nos trazer e lógico, criei expectativa. Merda, né?

Hoje fico muito feliz com a repercussão positiva que a série tem conquistado, afinal sou fã das produções nacionais e tenho vontade de socar algumas pessoas, quando escuto alguns absurdos sobre o cinema nacional. É lógico que temos muito o que desenvolver, e isso vai acontecer quando a produção brasileira parar de querer contar histórias da maneira “dos estrangeiros” e encontrar a sua própria maneira. E daí vocês irão dizer que isso é feito para a venda para o mercado internacional, e daí eu respondo, balela! Quando eu falo de mim, eu falo com o mundo!

Minha proposta com essa reflexão é levantar algumas questões diante de um trabalho bem feito e cheio de boas intenções, só que fica aquém dos últimos trabalhos de Saldanha. Talvez porque como ele mesmo disse em entrevista, esteja enveredando em um novo universo que não o da animação. Vale lembrar que uma animação costuma demorar muitos anos para o projeto ficar pronto o que faz com que o produto seja muito elaborado. O que não acredito que tenha acontecido com Cidade Invisível, digo, na mesma proporção. O roteiro é correto, só que pouco desenvolvido, com personagens com pouca empatia e uma estrutura muito simples, sem muitas surpresas. Daí você vai dizer, mas e os ganchos do final? Eu respondo! Gancho é obrigação!

É perdoável quando quem produz não é alguém que já realizou grandes feitos, não é o caso de Saldanha. Eu preciso de uma 2°Temporada melhor! KKKK! Mas fora a temática que enche nossos olhos, não vi nada muito novo ou diferente do que é feito em massa. É nisso que senti falta das nossas características mais aprofundadas que fariam essa produção ter o seu real destaque e sentido.

As origens dessas lendas expostas nessa primeira temporada me soaram superficiais, pouco aproveitadas e sem muito zelo. Não estou falando dos efeitos especiais, apesar de poucos, a série não se aproveita muito disso, todos são muito bem feitos, graças a Deus! Ou melhor, graças ao Saldanha!

Confesso que a fotografia escolhida não me atrai, acho tudo muito sóbrio para essa temática e a todo momento me lembrava da série “Deuses Americanos” da Amazon. É claro, são produtos muito distintos e para públicos diferentes, mas que lembra, lembra! Fiquei aí já com outro incômodo, em alguns momentos sentia que o público para o qual a série foi feita prejudicou o andamento de algumas cenas.

Vamos então tirar essa nossa carência por produtos que falem sobre nós e separarmos o joio do trigo e não ficarmos apenas com o critério de “gosto”. Podemos mais do que isso, não é? Já basta ver a dificuldade atual da maioria dos alunos com interpretação de texto. A fantástica geração que sabe um pouco de tudo e nada profundamente. Seguindo a reflexão:

Em primeiro lugar é perceptível uma carência do público com a temática escolhida pela série, o FOLCLORE BRASILEIRO. Em todos os comentários que li observei essa necessidade popular em se reconhecer na série, identificar as histórias que ouviu um dia ali no vídeo. Isso realmente é muito legal e um dos pontos fortes da série.

Fica aí a dica para novas produções e acredito até numa segunda temporada certa dessa série. A mitologia brasileira é muito rica, escrevo isso pois tenho uma pesquisa sobre a mitologia da América Latina, que foi o que me fez escrever esse texto com propriedade. Nesse estudo me encantei com a diversidade das histórias e as características próprias de cada história e a relação com o lugar. É aí que a série começou a me incomodar. Quando vejo seres folclóricos serem adaptados para uma leitura fora daqui, descaracterizando ou omitindo algumas informações. Ponto positivo para as grandes sacadas como a perna mecânica do Saci e a relação dessas entidades com a sociedade urbana. O que reflito sobre é que qual o efeito dessa perna mecânica para quem nem conhecia essa lenda? Não seria mais interessante primeiro contar sobre o Saci e depois...já que dizem que o produto é para o mercado estrangeiro? São exemplos como esse que vejo o pouco aproveitamento de algumas lendas e histórias da série. Nem vou entrar no critério de que o Saci tem a palma da mão furadinha e o fumo? O Saci é politicamente correto?

Confesso que ao escrever essa reflexão me encontro em outros questionamentos que talvez me façam assistir de novo para observar melhor. Repito mais uma vez, acho a série bem feita porém vejo que poderia ser melhor e menos pasteurizada. Não vejo problema com o elenco, sou fã de muitos ali e torço para que a 2°Temporada corrija essas lacunas e parabéns a NETFLIX por essa iniciativa.


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